sexta-feira, 14 de novembro de 2014

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR: APONTAMENTOS SOBRE A PEDAGOGIA DO EXAME


O segundo capítulo do livro intitulado Avaliação da aprendizagem escolar do autor Cipriano Carlos Luckesi faz uma observação geral sobre a prática da avaliação da aprendizagem na escola brasileira.

A características mais evidentes nesta prática é que a avaliação ampliou seus espaços dentro do processo de ensino. Podemos perceber mais claramente se direcionarmos nossos olhares para o ensino médio, por possuir um caráter preparatório para o vestibular o ensino médio limita-se a resolução de exercícios e provas com conteúdo voltados para a seleção desses alunos para o ensino superior.

Tal pedagogia cria expectativas de promoção do alunado nos mais diversos grupos; Os alunos voltam suas atenções quase que exclusivamente para a forma de classificação e posteriores notas a serem obtidas, sendo assim, se dedicam ao estudo não com o propósito de aprender o conteúdo, mas para a finalidade de promoção.

Na escola as notas dos alunos vão sendo obtidas desconsiderando todo o processo de aprendizagem ocorrido para se chegar a esses resultados.

Os professores com vista a obter o melhor desempenho dos seus alunos nas provas(ou não), se tornam doutrinadores impondo pressões psicológicas como fator de motivação ao estudo, sendo que tal prática tende muito mais a ser maléfica do que benéfica.

Os pais por sua vez, acompanham de forma superficial a trajetória dos seus filhos na escola, desta forma notas satisfatórias vão de encontro com as expectativas deles em relação à aprendizagem para seus filhos, novamente o processo de aprendizagem passa despercebido. Outro fator é que muitas vezes a escola não oferece um espaço de acompanhamento e diálogo com os pais.

Os estabelecimentos de ensino centram-se nos resultados das provas e exames, em geral visam o quadro de notas dos alunos, desde que a curva estatística não desça tudo é tido como em perfeita ordem, isso acaba por deixar de lado a preocupação com processo de ensino empregado na obtenção dessas notas.

Essa prática educativa voltada para o exame apresenta desdobramentos;As provas se constituem como elemento no qual o aluno terá que “provar” realmente sua capacidade, muitas vezes lidando com obstáculos impostos e elaborados pelo professor. O medo também é empregado pelos professores no período pré provas com o sentido de disciplinar o alunado. Logo, o que seriam a verificação da aprendizagem de forma prazerosa para ambos tende a ser criar abismos especialmente na relação entre professor e aluno.

Apedagogia do exame que se enraizou nas escolas do nosso país tem explicações advindas das pedagogias do século XVI e XVII. A pedagogia jesuítica valorizava os exames que eram bastante presentes no processo de ensino daquela época. A pedagogia comeniana mencionava o medo como fator provocador da atenção dos alunos.

Portanto, a avaliação da aprendizagem por meio de exames, foi se tornando uma forma de “entidade” independente do processo de ensino. Como consequência temos a centralização da atenção nos exames o que foge da verdadeira função da avaliação da aprendizagem que é a de auxiliar a construção da aprendizagem satisfatória.

Referência:
LUCKESI,Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar: apontamentos sobre a pedagogia do exame.  In:LUCKESI,Cipriano Carlos.Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. 22. Ed. São Paulo: Cortez, 2011, p.35-44.

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