sexta-feira, 14 de novembro de 2014

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM... MAIS UMA VEZ


A experiência anterior dessas crianças estava relacionada com uma ação pedagógica que investe no processo da aprendizagem, a atual experiência está comprometida com o investimento no seu produto. Isso faz a diferença.” (p.61)

O ensino fundamental diferentemente do ensino médio ainda mantém a pedagogia voltada para o aprendizado focando no desenvolvimento do aluno.

“[...] Antes, eu ouvia as crianças dizendo --- “Hoje, tivemos uma atividade legal na escola” ---, agora, ouço-as dizendo: “Tirei 3.2, valendo 5”; “Tirei 2, valendo 3”; “Tirei 7. Graças a Deus, já passei nessa unidade; com isso é mais fácil chegar ao final do ano com 28 pontos, necessários para a aprovação”; “Amanhã é dia de prova.” (p.62)

O sentido do aprendizado se perde em meio ao conjunto de lógicas presentes no ensino médio que tem por finalidade o produto final, ou seja o aluno “aprovado”.

 “[...] Ao ato de examinar não importa que todos os estudantes aprendam com qualidade, mas somente a demonstração e classificação dos que aprenderam e dos que não aprenderam. E isso basta. Deste modo, o ato de examinar está voltado para o passado, na medida em que deseja saber do educando somente o que ele já aprendeu; o que ele não aprendeu não traz nenhum interesse.” (p.62)

O ato de examinar foca exclusivamente para o passado não procura soluções para o aprendizado com base em futuro próximo, o resultado obtido através do processo de ensino é tido como finalizado.

“Diversamente, o ato de avaliar tem como função investigar a qualidade do desempenho dos estudantes, tendo em vista proceder a uma intervenção para a melhoria dos resultados, caso seja necessária. [...] O que já aprendeu está bem; mas, o que não aprendeu (e necessita de aprender, porque essencial) indica a necessidade da intervenção de reorientação..., até que aprenda. Alguma coisa que necessita de ser aprendida, como essencial, não pode permanecer não aprendida.” (p.62)

                                     O ato de avaliar pode resultar em ações futuras que possam melhorar o                                                aprendizado do aluno no que compreende ao básico a ser aprendido durante                                        processo de ensino.

“O processo compõe-se do conjunto de procedimentos que adotamos para chegar ao resultado mais satisfatório; o que nos motiva, no caso, é a obtenção do melhor resultado. Produto, por sua vez, significa o resultado final ao qual chegamos e, na escola, infelizmente, admitimos que ele é o suficiente do “jeito que ele se manifesta.” (p.63)

                                    Infelizmente a escola, pais e professores de certa forma também são                                                     responsáveis por ainda manter essa lógica instaurada e enraizada na nossa                                         sociedade.

“Se, dessa forma, investimos no produto, qualquer resultado está bom, pois que dizemos que o estudante foi responsável por obter somente a nota que tirou,e acreditamos que ela expressa o que ele aprendeu e que ele não consegue mesmo ir  para além disso; por isso, damos por encerrado o processo.” (p.63)
Ao adotar essa pratica jogamos a “culpa” nas costas do aluno, limitamos o desenvolvimento do seu aprendizado por uma questão muito simples “a escola ainda não aprendeu a ensinar”.

“Tanto os atos de centrar nossa atenção exclusivamente sobre o produto ou sobre o processo da aprendizagem na escola, seguido do melhor produto, dependem da concepção que temos sobre o ser humano e sua trajetória na vida, ou seja, dependem da teoria pedagógica e do projeto pedagógico, que temos.” (p.63)
                                       Como profissional da educação caberá somente a você decidir em que                                                  concepções e teorias pedagógicas se apoiará seu ensino durante sua prática                                        cotidiana.

“A pedagogia que sustenta o exame se contenta com a classificação, seja ela qual for; a pedagogia que sustenta o ato de avaliar não se contenta com qualquer resultado, mas somente com o resultado satisfatório. Mais que isso: não atribui somente ao educando a responsabilidade pelos resultados insatisfatórios; investiga suas causas, assim como busca e realiza ações curativas. “(p.64)

A pedagogia que sustenta o ato de avaliar torna o professor um investigador/pesquisador do seu próprio trabalho, buscando melhorias sempre que forem necessárias. Tal característica é essencial para a construção de um ensino de qualidade.

“Então, não vamos preparar nossos educandos para o vestibular? Claro que sim; contudo o vestibular permanece como “uma” das atenções da prática educativa escolar, não a única. Para treinar para o vestibular, podemos fazer simulados na escola e não exames que ameaçam e geram excessivas ansiedades em nossas crianças e nossos adolescentes.” (p.64)

A educação também tem por finalidade preparar seus alunos para a vida profissional, mas diante desses novos tempos surge uma nova e urgente finalidade para a escola, desenvolver cidadãos críticos, conscientes, criativos, com novos olhares acerca dos rumos dessa sociedade.

“Isso é investir no processo, o que, por sua vez, produzirá o melhor produto para todos. E, então, nossas crianças e nossos adolescentes criarão para si mesmos valores, que os orientarão na vida para dar o melhor de si naquilo que fazem, com cuidado e com alegria, muito além do cumprimento de uma tarefa para somente, e tão somente, “tirar uma nota”. (p.65)

É necessário que a escola substitua sua prática classificatória, voltada a obtenção de notas que não demonstram realmente o real aprendizado do aluno para uma prática voltada a construção significativa do conhecimento por meio de uma prática construtiva.

Referência:
LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem... mais uma vez. In: LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. 22. Ed. São Paulo: Cortez, 2011, p.61-65.

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