O texto do autor Ángel
Díaz Barriga apresenta as mudanças incorporadas no papel do exame na sociedade como
um todo, mostrando que o mesmo nem sempre teve um caráter classificatório.
Também é destacado três inversões ocorridas da pedagogia voltada para o exame
que resultaram em muitos problemas atuais na educação.
O exame na história
surge como um instrumento de seleção para ocupação de cargos e há evidências
que sua utilização na prática educativa inicia durante a idade média. A
utilização deste instrumento ao longo da história foi acompanhado por problemas
de ordens sociológicas, políticas, psicopedagógicas e técnicas que não foram
levados em consideração.
A utilização deste
instrumento foi se ampliando, logo, os profissionais da educação, pais e
sociedade em geral passaram a ver o resultado decorrente do exame como
parâmetros para verificar a aprendizagem, habilitação ou promoção de um
conjunto de indivíduos.
Na primeira inversão a
prática do exame se converteu em controle de poder e excludente, onde o exame
passa a controlar o avanço do aluno em séries e legitimar o seu aprendizado,
desconsiderando outros fatores externos das mais diversas ordensdeterminando e
selecionando os melhores alunosque seguiriam em frente e os piores que
continuariam no mesmo lugar.
O exame na Didactica
Magna de Comenius está diretamente ligado ao método de ensino, desta forma o
exame por sí só não decide a nota e posterior promoção do aluno, quando o aluno
não aprende cabe ao professor rever seu método de ensino. Nesta abordagem a
metodologia empregadaé o principal elemento que direciona para à aprendizagem,
ao exame cabe apenas o papel de ofertarum retorno ao professor acerca dos
conhecimentos adquiridos pelo aluno. A Segunda inversão executada neste século
promove e qualifica através do exame supervalorizando-o dentro do processo de
ensino. Dentro desta concepção Surgeuma nova pedagogia voltada principalmente
para a certificação, na qual por vezes desconsidera as características singulares
dos alunos que fazem parte de processo.
A terceira inversão
ocorre a partir da influência trazidas pelos estudos para medir a inteligência que
deram início a teoria dos testes, essa teoria utiliza-se dos seus resultados
para permitir e justificar o acesso à escola de acordo com as condições
individuais, desta forma entra em cena a avaliação (o termo exame foi
substituídopara assumir uma conotação acadêmica) como forma de medir o sujeito.
Os debates na educação foram direcionados em maior parte para as questões
técnicas que reduziram a cultura pedagógica para um conjunto de fatores
estatísticos. Surge uma pedagogia industrial na qual o professor perde bastante
do seu papel do princípio e passa a ser mais uma peça do sistema educativo, um
avaliador do alunado, já para os alunos troca-se o sentido do aprender por
aprender para o aprender para passar.
Referência:
BARRIGA,
Angel Diaz. Uma polêmica em relação ao exame.
In: ESTEBAN, Maria Teresa (org.).
Avaliação: de uma prática em busca de novos sentidos. 5. ed. Rio de
Janeiro: DP&A, 2003, p.51-82.
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