sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Uma polêmica em relação ao exame

  

O texto do autor Ángel Díaz Barriga apresenta as mudanças incorporadas no papel do exame na sociedade como um todo, mostrando que o mesmo nem sempre teve um caráter classificatório. Também é destacado três inversões ocorridas da pedagogia voltada para o exame que resultaram em muitos problemas atuais na educação.
O exame na história surge como um instrumento de seleção para ocupação de cargos e há evidências que sua utilização na prática educativa inicia durante a idade média. A utilização deste instrumento ao longo da história foi acompanhado por problemas de ordens sociológicas, políticas, psicopedagógicas e técnicas que não foram levados em consideração.
A utilização deste instrumento foi se ampliando, logo, os profissionais da educação, pais e sociedade em geral passaram a ver o resultado decorrente do exame como parâmetros para verificar a aprendizagem, habilitação ou promoção de um conjunto de indivíduos.
Na primeira inversão a prática do exame se converteu em controle de poder e excludente, onde o exame passa a controlar o avanço do aluno em séries e legitimar o seu aprendizado, desconsiderando outros fatores externos das mais diversas ordensdeterminando e selecionando os melhores alunosque seguiriam em frente e os piores que continuariam no mesmo lugar.
O exame na Didactica Magna de Comenius está diretamente ligado ao método de ensino, desta forma o exame por sí só não decide a nota e posterior promoção do aluno, quando o aluno não aprende cabe ao professor rever seu método de ensino. Nesta abordagem a metodologia empregadaé o principal elemento que direciona para à aprendizagem, ao exame cabe apenas o papel de ofertarum retorno ao professor acerca dos conhecimentos adquiridos pelo aluno. A Segunda inversão executada neste século promove e qualifica através do exame supervalorizando-o dentro do processo de ensino. Dentro desta concepção Surgeuma nova pedagogia voltada principalmente para a certificação, na qual por vezes desconsidera as características singulares dos alunos que fazem parte de processo.
A terceira inversão ocorre a partir da influência trazidas pelos estudos para medir a inteligência que deram início a teoria dos testes, essa teoria utiliza-se dos seus resultados para permitir e justificar o acesso à escola de acordo com as condições individuais, desta forma entra em cena a avaliação (o termo exame foi substituídopara assumir uma conotação acadêmica) como forma de medir o sujeito. Os debates na educação foram direcionados em maior parte para as questões técnicas que reduziram a cultura pedagógica para um conjunto de fatores estatísticos. Surge uma pedagogia industrial na qual o professor perde bastante do seu papel do princípio e passa a ser mais uma peça do sistema educativo, um avaliador do alunado, já para os alunos troca-se o sentido do aprender por aprender para o aprender para passar.

Referência:
BARRIGA, Angel Diaz. Uma polêmica em relação ao exame.  In: ESTEBAN, Maria Teresa (org.). Avaliação: de uma prática em busca de novos sentidos. 5. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2003, p.51-82. 

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